Convulsões fraternas

Tive e tenho muitos amigos. Mas vou contar a história de uma amizade que deu errado. Ou deu certo e acabou errado. Enfim…

Éramos seis. Todos trabalhando no mesmo local. Quatro mulheres, dois homens.

Com o tempo, os dois homens acabaram apaixonando-se pelas duas mulheres mais bonitas (além de inteligentes, interessantes, divertidas e perigosamente neuróticas).

Éramos um grupo de seis, mas, na realidade, éramos 18 (pois somos o resultado dos nossos pais, seja biologicamente, seja porque eles são os nossos verdadeiros criadores, pro bem ou pro mal). Então, imagine a suruba mental.

Eu havia perdido a chefia do setor para um dos homens, e apesar do início amargo da nossa convivência, ele mostrou-se um ‘chefe’ muito bom. Compreensivo e bondoso. Com uma timidez sarcástica extremamente atraente. Não tinha como não gostar dele.

Super cool Rat Pack

O outro moço já era meu colega de trabalho, e amigo, de muitos carnavais. Parceiro para todas as horas e, às vezes, um pouco melindroso. Para ele, eu podia ser qualquer coisa no mundo, menos chefe. E eu entendo. Não nasci pra ser líder, mas companheira… pro bem e pro mal.

Em pouco tempo a dinâmica da relação ficou tão intensa, que almoçávamos juntos, saíamos juntos, visitávamos as casas uns dos outros, fazíamos sessões terapêuticas em grupo, chorávamos e celebrávamos todas as coisas.

E ríamos, com o desprezo mais justo do mundo, dos verdadeiros chefes, aqueles que pagavam os nossos salários.

O tempo dessa amizade foi fundamental para mim. Foi exatamente quando meu ex-marido saiu do armário e nos divorciamos. Meu sofrimento, pois me sentia segura ao lado deles, era vergonhosamente público. Dias e dias de choro. Dor exposta como se fosse criança.

escrevi sobre as meninas em um outro texto, aqui no blog. Elas foram, todas, maravilhosas. Carinhosas, mesmo carregando, cada uma, as próprias cruzes.

A nossa amizade foi como uma paixão incendiária, da pequena chama virou um incêndio e depois não sobrou quase nada. O interesse dos meninos nas meninas e vice-versa (todos enrolados em outras relações) acabou criando ainda mais toxicidade na relação.

E tudo se rompeu. Uma das meninas pediu demissão (mas não tinha nada a ver com o grupo, ela resolveu buscar o que realmente queria fazer da vida. Filha da mãe corajosa). Eu, muito destruída por divórcio, ódio, remédios, estava de saco cheio de tudo. Pedi demissão e mudei de cidade.

Mesmo antes de me mudar, já havia ficado ‘de mal’ de uma parte do grupo. Sim, eu fico de mal (o que não é novidade para quem já leu alguma coisa minha aqui).

Hoje, tenho contato com apenas duas pessoas do grupo, as quais amo profundamente.

E para mim ficou a lição que amizade pode ser, também, como uma grande paixão. Com um monte de gente se amando, se entregando, brigando e reconciliando, e até se separando definitivamente. Hoje digo, sem rancor: valeu a pena cada minuto.

Até a próxima!

Convulsões fraternas

Deixe um comentário