O que importa…

Meses sem aparecer por aqui. Nesse ínterim recebi um e-mail doce, de uma amiga, querendo saber se eu estava desistindo de de vez desse espaço. Estava certa que sim, afinal, para que serve tanto sentimentalismo. Aí, meses depois vi um outro e-mail, comentário, de alguém que diz me odiar. Puxa, ódio. Chamou minha atenção. Passei dias pensando em quem seria essa pessoas (e sabendo todo o tempo sua identidade). Coloquei-me em seu lugar, revivi algumas coisas muito boas que vivemos, depois o desabar de tudo. Decadance sans aucune élegance. Uma briga de feira, com ciúmes, tramas, fofocas, enfado, mais remédio porque não dava para aguentar de cara limpa. Fui embora, enfim, pensei que tudo estava esquecido, mas essa alma sensível não conseguiu me perdoar, seja lá o que eu tenha feito. Pensando nele e no seu comentário só vinha a minha mente aquela frase de Shakespeare sobre o ódio “o veneno que você toma esperando que o outro morra’. Nada inteligente. Mas humanos, muito humano.

A pessoas estava se dando ao trabalho de ler todos os meus antigos textos para entender o que fiz para magoá-la. E eu comigo: se eu fosse bonito e inteligente como você é, com esse coração sensível e uma habilidade natural para puxar-saco (temos que pagar o preço que a vida nos cobra). largava essa boneca de cera com quem vive e ia viajar pelo mundo, para ter o que contar ao seu filho, que vai te odiar, mas talvez te perdoe. O que me dói é sua vida medíocre. Você é tão mais… Enfim, encerro aqui meus pensamentos sobre você. Sem ódio e nem amor, mas com um certo carinho. Verdadeiro, apesar de anêmico.

Sobre minha vida nesses últimos dois anos, posso atestar, com todo o meu esforço, que tenho dormido longamente para não ter que viver. Um coquetel eclético de drogas permitidas, cansaço da idade – 49 anos! -, 23 kg a mais durante a pandemia, teletrabalho e muita ajuda financeira do ex e da minha ex-sogra. Nesses cinco anos poderia ter estudado Direito, Economia, História da Arte, Música, Antropologia, Arquitetura, talvez alcançado ao grau de safira da Hinodé, mas preferi dormir. Minha amiga Janaína falou sobre um livro que ela achava que descrevia até um certo grau essas escolha preguiçosa que fiz do meu ocaso. ‘Meu ano de sono e relaxamento’.(que li apenas algumas páginas, mas cujo argumentou me facinou). A única coisa em comum entre a personagem e eu é a certeza que é melhor viver dormindo. Ou morrer dormindo. Também é uma boa.

Já a mitologia, sempre a mitologia, traz um deus que só quer paz, sossego e ópio. Diz a lenda – tudo Wikepedia -que Hipnos vivia num palácio construído dentro de uma grande caverna no oeste distante, onde o sol nunca alcançava, porque ninguém tinha um galo que acordasse o mundo, nem gansos ou cães, de modo que Hipnos viveu sempre em tranquilidade, em paz e silêncio. Do outro lado de todo este lugar peculiar passava Lete, o rio do esquecimento, e nas margens, cresciam plantas que junto ao murmúrio das águas límpidas do rio ajudavam os homens a dormir. No meio do palácio existia uma bela cama, cercada por cortinas pretas onde Hipnos descansava, sendo que Morfeu tomava cuidado de que ninguém o acordasse.

Costuma ser visto trajando peças douradas, em oposição a seu irmão gêmeo que normalmente usava tons prateados. Também pode ser retratado como um jovem nu dotado de asas, tocando flauta. Às vezes é mostrado como adormecido em um leito de penas com cortinas negras à volta. Seus atributos incluem um chifre contendo ópio, um talo de papoula, um ramo gotejando água do rio Lete (“Esquecimento”) e uma tocha invertida.

Enfim, o que importa tudo isso. A saudade da minha doce leitora. O ódio em soluços da pessoas ofendida. A minha vida completamente congelada, a espera de um milagre. Mas vale pelo meu filho lindo, que com doze anos mede 1,85. Meus irmãos e irmã. Meus amigos maravilhosos. Inclusive os de estão longe, mas fazem de tudo para arrumar trabalho e renda para essa sonâmbula.

Textinho chato, sem graça, né? Vou tentar melhorar, ok?

Beijos e até a próxima!

O que importa…